Sobre a Escola de São Paulo de estudos de comunicação
Glória Kreinz NJR
Sediada na Escola de Comunicações e Artes da USP, a Escola de São Paulo de estudos de comunicação esteve vinculada ao NTC – Cento de Estudos e Pesquisas em Comunicação, Cultura e Tecnologia e ao FiloCom – Núcleo de Estudos Filosóficos da Comunicação. Seus membros reuniram-se primeiramente em 1989, logo após o encerramento do ciclo “Psicanálise da Comunicação”, em quatro módulos, que rendeu a obra A construção social da loucura (Paulus, 2003), durou até 1992. Foi o momento em que o discurso pós-moderno avançava na Academia, e a comunicação, em vista das mudanças tecnológicas e diante da falência das ideologias e da “crise de paradigmas” que havia se instalado nas ciências humanas, exigia uma nova teoria. Ainda não existia um núcleo de pesquisa, apenas pesquisadores associados ao Projeto. Começaram a ser ministrados os primeiros dos 23 cursos de pós-graduação com o título “Nova Teoria da Comunicação”. Os colaboradores desta época foram Wilson Roberto Ferreira Vieira, Jair Marcatti Jr., Liv Sovik, Fernando Barone, Maria Christina Daniels e Arim Soares do Bem. As principais obras do período foram A sociedade Frankenstein (1991), Televisão (Scipione, 1994), Quem manipula quem (Vozes, 1986).
Ciro Marcondes FilhoO teórico idealizador da Escola de São Paulo
Dois fatos marcaram essa época e o início do Projeto “Nova Teoria da Comunicação”. O primeiro, a constatação surgida em pequenos grupos de debates da época, de que o novo surge da troca informal entre membros de um grupo teórico de discussão. São os insights que posteriormente irão revolucionar a teoria e instaurar o novo, realizar a comunicação. Neste encontro livre, espontâneo e criativo de cabeças pensantes nasce efetivamente a ciência. O segundo, exemplificado na tese de Arim Soares do Bem sobre a televisão e a empregada doméstica (ECA-USP), seguindo uma idéia antes esboçada por Dieter Prokop, demonstrou-se que seria possível estudar o fenômeno da comunicação no exato momento em que ela ocorria (a razão que comanda o estudo da comunicação opera no “durante”).A segunda fase, de 1992 a 1998, foi o período da criação do NTC – Centro de Estudos e Pesquisas em Novas Tecnologias, Comunicação e Cultura, de sua editora, da rede nacional de colaboradores, e de sua revista Atrator estranho, que inovou a discussão das tecnologias comunicacionais pelo país afora. Foi um período preparatório à Nova Teoria, em que os 37 volumes publicados da revista, resultados de 45 encontros de debates, assim como a obra coletiva Pensar-Pulsar (NTC, 1996), e os demais volumes Cenários do Novo Mundo (NTC, 1998), Vivências eletrônicas (NTC, 1998) e Super-Ciber, a sociedade místico-tecnológica do século XXI (Ática, 1997), ampliaram o debate e introduziram novos temas e achados diversos, resultantes de intensivo trabalho de debates, publicações e trocas nacionais e internacionais de proposições teóricas e intelectuais. Participaram desta fase da Nova Teoria, como membros e colaboradores do NTC, Rose Rocha, Beltrina Corte, Solange Wajnman, Eugênio Rondini Trivinho, Mayra Rodrigues Gomes, Vani Kenski, Denise Conceição, Rodrigo Assunção e Marta Catunda.
Entre 1998 e o ano 2000, a Escola de São Paulo de estudos de comunicação continuou a operar, contando com o ingresso das pesquisadoras Danielle Naves de Oliveira, Tarcyanie Cajueiro Santos e Ana Célia Mantinez Guarnieri. Em Grenoble, o coordenador avançou os estudos e as investigações, produzindo a obra Viagem na irrealidade da comunicação (Grenoble, 2000), que deu origem ao primeiro volume, ainda provisório, da Trilogia “Nova Teoria da Comunicação”, que sairia na primeira década no novo século.
A terceira fase começa em 2000, com a criação do FiloCom e a orientação do Núcleo para a apresentação efetiva da Nova Teoria. Desta nova fase fizeram parte as obras O espelho e a máscara. O enigma da comunicação e o caminho do meio (Discurso, 2002), Da arte de envenenar dinossauros e outros ensaios mediáticos (2003), O escavador de silêncios, formas de construir e desconstruir a comunicação (Paulus, 2004), Até que ponto, de fato, nos comunicamos (Paulus, 2004) e, mais recentemente, Para entender a comunicação. Contatos antecipados com a Nova Teoria (Paulus, 2008). Participaram ativamente neste período os seguintes colaboradores Elenildes Dantas, Marco Toledo de Assis Bastos, Eliany Machado Salvatierra, Maria Helena Charro, Cristina Pontes Bonfiglioli, Ana Elisa Antunes Viviani, Paulo Masella, Rafael Elias Teixeira, Paulo da Silva Quadros, Pe. Valdir Castro. Naiara Raggiotti fez o trabalho de revisão da obra Da arte de envenenar dinossauros e a obra foi, por isso, a ela dedicada. Mauro Celso Destácio, do Núcleo José Reis, foi assíduo participante dos cursos e das discussões. Neste período mais recente, a Escola de São Paulo conta com novos colaboradores, recém-ingressos na equipe: Ana Paula de Morais Teixeira, Karenine M. R. Cunha, Cristina Valéria Flausino, Eliana Costa Simões e Claudenir Módulo.
Membros efetivos e permanentes de todas as fases da equipe foram José Alberto Sheik Pereira e eu, Glória Kreinz.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
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